terça-feira, 10 de novembro de 2009

Coffee Man


Ricardo Icassatti Hermano

Assim como o vinho, pouco a pouco o café começa a ocupar espaço nos costumes e cultura dos brasileiros como um produto sofisticado, elaborado e prazeiroso. Ainda vai levar um tempo, mas uma vez iniciado, o movimento não para.

Prova disso tive ao ler a revista TRIP deste mês e encontrar a publicidade de um perfume de O Boticário, chamado Coffee Man. Na página havia um adesivo que, ao ser retirado, revelava uma amostra da fragância.

O slogan é até criativo: "Tire o sono das mulheres com Coffee Man" ...

Rapidamente me propus a cheirar a amostra. Fiquei decepcionado. O perfume tem o aroma de couro amadeirado floral doce com um toque de tabaco. Café que é bom, nada. Ou seja, um horror completo. Pelo menos para o meu gosto.

Corri para o site da empresa em busca de maiores informações e encontrei a "fórmula" do Coffee Man, que segue abaixo.

Família Olfativa: Oriental Amadeirado

Saída: Bergamota, Cardamomo, Gengibre, Folhas de Bambu, Folhas de Pimenta, Polemo.

Corpo: Fougère Spicy, Noz Moscada, Schinus Molle CO2, Folhas de Tabaco, Davana Oil Lmr, Gerânio, Violeta, Íris.

Fundo: Generessence Café, Patchouli, Âmbar, Couro, Sândalo, Cedro, Living Bourbon "Toasted".

Além disso, o site traz a explicação que trata-se de "uma fragância sofisticada que contém em sua composição a infusão de grãos de café, tornando o perfume quente, sensual e muito marcante".

Bom, pelo menos meu olfato ainda dá para o gasto. Tem de tudo no perfume e em maior quantidade do que o alegado café. Assinalando que "infusão de grãos de café" nada mais é que a bebida que tomamos e que é conhecida como café. Pode ser espresso, prensado ou coado.

A empresa disponibilizar a "fórmula" e dar explicações - mesmo sendo pura propaganda - não deixa de ser simpático. Também mostra o efeito causado pelo filme "O Perfume", com o impagável Dustin Hoffman, baseado no livro de mesmo nome, que foi considerado o livro da década de 80 na Alemanha. Aqui no Brasil, desnecessariamente adicionaram ao nome do filme o penduricalho "A História de um Assassino".

Cartaz do filme

Inspirado nas teorias de Sigmund Freud, o livro conta a história de um homem que possui olfato apuradíssimo mas não tem cheiro próprio. Este homem torna-se um perfumista famoso e um assassino insaciável na busca pelo cheiro da vida.

O perfumista assassino ...

No filme, vemos o trabalho de desenvolvimento de um perfume, que utiliza os termos técnicos "Saída, Corpo e Fundo" para sua composição. De lá para cá, os fabricantes de perfume têm utilizado a terminologia que era uma coisa de perfumistas apenas, para sofisticar e agregar valor aos seu produtos.

Mas, voltando ao Coffee Man, acredito - e espero - que as mulheres queiram ficar acordadas ao lado de um homem por outros motivos que não sejam um cheiro pavoroso.

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